quarta-feira, 15 de outubro de 2014

CELEBRANDO O AMOR.

Eis o cântico dos cânticos, a mais bela canção de amor composta por Salomão (Ct.1.1).

O cântico de Salomão ou Cântico dos cânticos, é o mais excelente dos poemas para musicas e melodias românticas. Os renomados estudiosos e exegetas compreendem este livro como um registro histórico do romance do rei Salomão e uma mulher sulamita. Os poemas deste livro revelam as alegrias do amor no noivado e no casamento; contrapondo-se aos extremos do erotismo e da lascívia. Neste livro, o lugar apropriado do amor físico, exclusivamente dentro do casamento, é claramente estabelecido e honrado. Dentro desse referencial histórico, conseguimos enxergar algumas ilustrações do amor de Jesus pela igreja. É claro que o rei Salomão não oferece o melhor exemplo pessoal de devoção conjugal, já que teve muitas esposas e concubinas; contudo, é possível que este livro reflita  o único dos romances que, de fato, ficou-lhe gravado na alma como intenso, puro, verdadeiro e inesquecível. A voz do amor no cântico, assim como a voz da sabedoria, é um comunicado a ideia de que o amor e o conhecimento atraem os homens de uma maneira poderosa mediante a sutileza e o mistério das seduções femininas. Essa voz feminina fala profundamente a respeito do amor, retratando sua beleza e seus prazeres, e reivindicando a sua exclusividade na conhecida expressão hebraica, "o meu amado é meu, e eu sou dele"(2.16).

A AMADA DECLARARA AO AMADO.

Beije-me o meu amado com os beijos da tua boca, pois seus afagos são melhores do que o vinho mais nobre. O aroma dos teus perfumes é suave, teu nome, é como óleo perfumado que se derrama generosamente. Por isso as jovens se apaixonam por ti. Arrasta-me, pois, contigo! Corramos! Leve-me, ô rei, aos teus aposentos e exultemos! (1.2-4).

A AMADA PERGUNTA AO AMADO.

Diz-me tu, amado de minha alma, onde apascentas teu rebanho e onde fazes repousar ao meio dia, se não me disseres serei como uma mulher que anda sem véu entre os rebanhos de teus companheiros (vers.7).

O AMADO RESPONDE À AMADA.

Se não o sabes tu, ó mais bela entre todas as mulheres, segue o caminho das ovelhas, e apascenta os teus cabritos junto às tendas dos pastores. Ó minha amada, eu te comparo à égua das carruagens de Faraó. Lindas são tuas faces entre teus brincos, e belo é o teu pescoço com os colares que te adornam (8-10).

A AMADA DECLARA AO AMADO.

Enquanto o rei está em seu divã meu nardo puro espalhou o seu perfume pelo aposento. O meu amado é para mim como uma delicada bolsa de mirra que passa a noite entre meus seios.  O meu amado é para mim como um ramalhete de flores de rena perfumadas, provinientes das excelentes vinhas de En-Gedi, fonte das Cabras (12-14).

O AMADO DECLARA À AMADA.

Ó minha amada, como és formosa! Ah, como és linda! Os teus olhos brilham como os das pombas! (vers.15).

A AMADA DECLARA AO AMADO.

Como é belo meu querido! Como és amável! Ah, como és encantador. A relva verde será o nosso leito de amor. As vigas da nossa casa são de cedro puro, e os caibros, dos melhores pinheiros. Sou apenas uma flor dos campos de Sarom, uma tulipa dos vales! (16,17. 2.1).

O AMADO DIZ SOBRE A AMADA.

Como formoso lírio entre os espinhos, assim é minha amada entre as jovens (2.2).

A AMADA RESPONDE.

Como uma macieira robusta entre todas as árvores do bosque, assim é meu amada entre os demais filhos da terra. Tenho prazer em sentar-me à sua sombra e o seu fruto é doce ao paladar como o damasco. Levou-me à sala do banquete, e o seu olhar sobre mim é como a bandeira do amor diante do povo. Alimentai-me com tuas passas, confortai-me com teus damascos e curai-me com tuas maçãs. Oh! Que estou enferma de amor! Que teu braço esquerdo ampare a minha cabeça e o teu braço direito me envolva (2.3-6).

A AMADA DIZ SOBRE O AMADO.

Ouvi! É a voz do meu amado que chama! Vede! Ai vem ele! Galopando pelos montes, saltando pelas colinas. Eis que o meu amado é como um vigoroso gamo, é como um filhote de gazela. Reparai! Lá está ele em pé, postando-se atrás do muro, vigiando pelas janelas, espreitando pelas grades (8,9).

O AMADO DECLARA À AMADA.

Assim me declara o meu amado: Levanta-te minha amada, minha bela, e vem. Olha e vê que o inverno já se foi; a chuva cessou, é primavera! Surgem as muitas flores pelos campos; chegou o tempo de podar e cantar; e já se ouve o doce arrulhar das pombinhas em nossa terra. A figueira começa a dar seus primeiros figos; as vinhas estão floridas e o perfume das uvas toma conta dos vales. Pomba minha, que se aninha nos vãos dos rochedos, nos esconderijos, nas encostas dos montes; deixa-me contemplar teu rosto lindo, deixa-me ouvir a tua voz meiga, pois tua face é tão formosa e tão doce a tua voz (10-14).

A AMADA DECLARA AO AMADO.

O meu amado é meu, e eu sou dele; ele zela por seu rebanho entre os lírios. Antes que a brisa do alvorecer comece a soprar e o dia surja afugentando as sombras, volta, amado meu! Sê como um cervo; um filhote de corça vigoroso sobre as colinas de Beter (16,17).

A AMADA PROCURA PELO AMADO.

Em meu leito durante a noite, busquei o amado da minha alma. Procurei-o e não encontrei! Vou levantar-me, vou rondar pela cidade, pelas ruas, pelas praças, procurando aquele a quem ama o meu coração. Eu o procurei cuidadosamente, todavia não o achei. Encontraram-me os guardas quando faziam a ronda pela cidade; eu lhes perguntei: Porventura vistes aquele a quem eu amo? Assim que passei por eles, entretanto, encontrei o amado da minha vida. Aguarrei-o e não vou mais soltá-lo, até conduzi-lo à casa da minha mãe, ao quarto daquela que me deu à luz (3.1-4).

O AMADO DECLARA À AMADA.

Como és bela, minha amada, como és linda! Os teus olhos, por trás do teu véu, são viçosos como os olhos das jovens pombas de Israel. O teu cabelo é como um rebanho de cabras que vem descendo pelas colinas de Gileade.
Teus dentes...um rebanho de ovelhas brancas tosquiadas subindo após o banho, cada qual com suas crias gêmeas e nenhuma delas está sem filhotes.
Os teus lábios são como um fio vermelho e delicado e a tua boca é linda. As tuas faces são como metades de uma romã por trás do teu véu.
O teu pescoço é como a torre de Davi, erguida como arsenal. Nela estão pendurados mil escudos de guerra, todos eles escudos que pertenceram a guerreiros heróicos.
Teus seios são como dois filhotes de cervo, como crias gêmeas de uma gazela vigorosa e que repousam entre os lírios.
Enquanto não chega a aurora e as sombras da noite não fogem, irei à montanha da mirra e à colina do incenso.
És, portanto, toda bela, minha amada, e não tens um só defeito!
Vem do Líbano, noiva minha! Vem comigo do Líbano, meu amor! Desce do topo do Amana, do topo do Senir e do monte Hermom, das covas dos leões, da montanha dos leopardos.
Furtaste-me o coração, minha igual, minha noiva amada. Roubaste-me toda a alma com um simples olhar, com uma simples joia dos teus preciosos colares.
Quão deliciosas são as tuas carícias, minha irmã, minha noiva amada! Teus amores são mais agradáveis que o melhor e mais puro dos vinhos. A fragrância do teu perfume supera a mais cara especiaria!
Os teus lábios gotejam a doçura dos favos de mel, minha amada noiva; leite e mel estão debaixo da tua língua. O aroma das tuas vestes é como o perfume do Líbano.
És como um jardim fechado, minha noiva e minha irmã em Israel; és jardim fechado, uma fonte lacrada.
De ti brota um pomar de romãs graúdas, com frutos excelentes e saborosos; flores de hena perfumada e nardo puro; nardo e açafrão, cálamo e canela, com todo tipo de madeiras aromáticas, mirra e aloés, com todas as mais finas e caras especiarias.
Amada, és a fonte do mais lindo jardim, origem das águas vivas, que se tornam correntes e descem volumosas e refrescantes do Líbano!

Desperta, ó vento norte! Aproxima-te, vento sul! Soprai em meu jardim, a fim de espalhar por toda a parte os teus perfumes. Ah! Que meu amado entre em seu jardim e coma os seus frutos deliciosos! (4.1-16).

A AMADA DECLARA SOBRE O AMADO.

Eu estava quase adormecida, mas meu coração vigiava. Escutai! É a voz do meu amado. Eis que está batendo à porta!
Já despi a minha túnica, querido! Terei de vesti-la novamente? Já lavei os meus pés. Terei de colocá-los sobre o chão de novo?
Assim que meu amado passou a mão pela abertura da fechadura, meu coração palpitou mais forte e todo o meu corpo estremeceu por causa da sua presença.
Então me levantei para abrir a porta ao meu amado. As minhas mãos destilaram mirra, e os meus dedos gotejavam perfume sobre a maçaneta da tranca.
Eu abri a porta ao meu amado, mas ele já havia partido, já tinha ido embora. Quase desfaleci porque ele se fora. Procurei-o então, mas não consegui revê-lo; clamei-o, contudo ele não me respondeu (5.2-6).

A AMADA EXALTA AS QUALIDADES DO AMADO.
 
O meu amado é alvo e está com a pele rosada do sol; ele é o mais forte e bonito entre dez mil homens.
A sua cabeça é como o ouro mais refinado, os seus cabelos ondulam ao vento como os ramos de palmeira; pretos como a plumagem dos corvos.
Os seus olhos são como os olhos das jovens pombas junto aos regatos de água pura, lavados em leite, incrustados como finas joias em seu rosto.
Sua faces são como um jardim de especiarias que exalam perfume. Seus lábios são como lírios que destilam a mais pura mirra.
Seus braços são como cilindros de ouro maciço com berilo neles engastado. Seu tronco é como marfim polido adornado de safiras.
Suas pernas são verdadeiras colunas de alabastro, mármore, firmadas em bases de ouro puro. Sua aparência é como o próprio Líbano; ele é elegante como os cedros.
Sua boca é a própria doçura. Ele é todo uma delícia! Assim é o meu amado, meu irmão e amigo, ó filhas de Jerusalém! (10-16).

O AMADO ELOGIA A BELEZA DA AMADA.

És toda linda, minha querida, és tão bela como Tirza, maravilhosa como Jerusalém, admirável como um exército desfilando com suas bandeiras.
Afasta por um pouco os teus olhos dos meus, pois eles me provocam. Tuas tranças negras ao vento são com um jovem rebanho de cabras descendo em fila das boas pastagens de Gileade!
Teus dentes são como um rebanho de ovelhas brancas que sobem do lavadouro. Cada uma tem seu par e não há nenhuma sem crias.
Tuas faces, por trás do véu suave, são como as metades de uma romã.
Ainda que sejam sessenta rainhas, oitenta concubinas e um número incontável de donzelas, uma só é minha pomba amada e sem mácula. Ela é a filha favorita de sua mãe, a predileta daquela que a gerou. Quando outras jovens a veem, exclamam o quanto ela é feliz; rainhas e concubinas muito a elogiam (6.4-9).

O AMADO DECLARA À AMADA.
 
Ó amor, como são formosos os teus pés calçados com delicadas sandálias, ó filha do príncipe! As curvas das suas coxas são verdadeiras pérolas; obras das mãos do mais excelente artífice.
Teu umbigo é como uma delicada taça arredondada, onde jamais falta o vinho das melhores safras e misturas. Tua cintura é um feixe de trigo adornado de lírios.
Teus seios são como dois filhotes gêmeos de gazela.
Teu pescoço, uma torre de marfim; teus olhos, as piscinas de Heshbon, junto às portas de Bat-Rabim; teu nariz é como a torre do Líbano voltada para Damasco.
Tua cabeça eleva-se como o monte Carmel, Carmelo. Teus cabelos soltos têm brilhos de púrpura; o rei foi capturado por tuas tranças!
Como és linda! Quão formosa de se admirar és tu, que amor delicioso!
Tens o porte da palmeira, e os teus seios como cachos do fruto mais saboroso.
Então pensei: “Subirei essa palmeira e colherei os seus frutos. Sejam os teus seios como os mais generosos cachos da videira, o aroma da tua respiração como o perfume dos melhores damascos, e a tua boca como o vinho mais puro e delicioso... (7.1-9).

A AMADA DECLARA AO AMADO.

Eu sou do meu amado e ele deseja somente a mim!
Vem, pois, meu amado, retiremo-nos para o campo primaveril, passemos a noite nos povoados.
Logo ao alvorecer partiremos para as vinhas, a fim de confirmarmos se já florescem, se os botões estão se abrindo, se as romeiras vão florindo; ali eu te darei todo o meu amor.
As mandrágoras, os jasmins que aumentam o desejo de amar nas mulheres, já exalam o seu perfume, e à nossa porta há todo tipo de frutos excelentes, secos e frescos, que reservei somente para ti, ó meu amado, meu desejo! (10-13).

O AMADO E A SUA PALAVRA FINAL.

Grava-me como um selo em teu coração, como uma marca indelével em teu braço; pois o amor é tão forte quanto a morte e a paixão é tão inflexível quanto o próprio Sheol, a sepultura. Tuas brasas são fogo ardente, são como as labaredas do Eterno!
Nem mesmo as muitas águas conseguem apagar o amor; os rios não conseguem arrastá-lo correnteza abaixo. Quisesse alguém dar tudo o que possui para comprar o amor, qualquer valor seria absolutamente desprezado (8.6,7).

A AMADA E A SUA PALAVRA FINAL.

Eu sou muralha e meus seios as torres; aos olhos do meu amado, porém, sou a mensageira da paz!

Ó, vem depressa, meu amado; torna-te semelhante ao jovem cervo, ou ao filhote da gazela saltando vigorosamente sobre os montes perfumados! (8.10,14).

Conclusão: O amor deve ser celebrado em todos os tempos, o romantismo nunca envelhece, sempre haverá poetas que exaltem o amor entre um homem e uma mulher. Uma mulher amada é uma mulher feliz, um homem amado é um homem realizado.